Necessidades e Desejos: Compreender a diferença entre o necessário e o supérfluo

Se está a ler este artigo, então é a prova viva de como as palavras que se seguem podem fazer sentido. O ritmo da vida moderna raramente nos deixa espaço para a reflexão. Temos agendas apertadas, compromissos profissionais e familiares que se acumulam e dificilmente paramos para perceber o que se passa. Mas a verdade, permitam que vos diga, é que o tempo é o que de mais justo temos. Diferencia-nos sim a forma como fazemos uso dele. E, se hoje este título o cativou, talvez seja porque essa pausa era necessária. E felicito-o por isso. Teve a coragem de reorganizar-se em função do que considerou, neste momento, mais prioritário. Em função do necessário.

Falar de conceitos tão subjectivos como o tempo, as prioridades, as necessidades e os desejos individuais poderá ser um verdadeiro desafio. Afinal, não há uma maneira certa de ver uma mesma situação, mas sim diferentes perspectivas que defendemos de acordo com aquilo em que acreditamos e em função daquilo que somos. No entanto, e pelo menos teoricamente, somos capazes de fazer uma distinção entre algo que desejamos e algo que, de facto, necessitamos. Não é à toa que se redigiram teorias da motivação humana, assentes em pirâmides de necessidades, desde as mais básicas àquelas que só percebemos que são necessidades, quando todas as anteriores já se encontram satisfeitas.

Curioso como esta época Natalícia nos deixa ainda mais sensíveis para estas questões. Muitos são os apelos à humanidade e afectividade de cada um, promovendo a partilha e incentivando o acolhimento do próximo. E é precisamente embalada por esta quadra festiva que dou por mim a reflectir, e convido-vos a acompanharem-me nessa reflexão:

 

Quanto do que quero para mim realmente faz falta na minha vida?

Quanto do que já tenho não é reconhecido com o devido valor?

Quanto daquilo que penso necessitar não passa de um desejo supérfluo?

 

Trabalhamos diariamente para sermos mais e melhor. No meio dessa jornada, por vezes desejamos ter pequenas facilidades para amenizar o percurso. Mas a realidade é que nós não somos meros caminhantes, somos os construtores, agentes activos que diariamente edificamos e consolidamos a nossa felicidade. E, para tal, precisamos de muito menos do que acreditamos… Porque já há muito mais em nós do que imaginamos!

Ah, claro! Com isto não digo que não possamos mimar-nos e mimar quem amamos com pequenos desejos realizados. Até porque Natal é tempo de magia e sonhos tornados realidade. O convite é que sejamos essa própria magia. Porque se formos o necessário, tudo mais nos parecerá acessório!

 

Rita Angélica Raínho

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